Moradores do Pantanal, que enfrentam a contaminação da água de rios, receberão orientações e uma cartilha informativa sobre Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA). A iniciativa surge após um estudo do projeto “Águas que falam” constatar a presença de poluentes como nitrato e fosfato em níveis alarmantes, além de baixa oxigenação e alta turbidez nos recursos hídricos da região.
A qualidade da água pode estar impactando a saúde dos ribeirinhos, que relatam casos de diarreia, problemas de pele, pedras nos rins e distúrbios gastrointestinais. Moradores também mencionam cheiro forte, espuma e sedimentos anormais nos rios.
Segundo a bióloga Daniella França, coordenadora de Programas de Conservação da SOS Pantanal, a falta de informação agrava a vulnerabilidade destas comunidades. “Muitas pessoas adoecem na região e não sabem o porquê. A cartilha vai suprir esta demanda e mostrar que existem formas simples de prevenir a maioria dessas doenças”, afirma.
O material educativo, em fase final de revisão, utiliza linguagem acessível para explicar as principais formas de contaminação da água, os sintomas das doenças e as medidas de proteção à saúde. A cartilha estará disponível em versões impressa e digital, oferecendo dicas de higiene, cuidados no armazenamento e uso da água, e informações de contato para atendimento médico.
A análise da água revelou níveis de nitrato e fosfato superiores aos limites considerados seguros. Essa concentração elevada sugere a influência de fertilizantes agrícolas e esgoto doméstico sem tratamento adequado, representando um risco de eutrofização, processo que pode prejudicar a vida aquática e desequilibrar o ecossistema local. Além disso, os níveis de oxigênio dissolvido apresentaram queda preocupante durante o período chuvoso, ficando abaixo do recomendado.
Os resultados do estudo reforçam a necessidade urgente de implementar medidas de saneamento e controle no uso de fertilizantes na região, visando proteger a biodiversidade e a sustentabilidade do Pantanal.