Oito Vidas Perdidas: A Crise da População de Rua em Campo Grande

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Campo Grande registrou a morte de oito pessoas em situação de rua no primeiro semestre deste ano, expondo a fragilidade e os riscos enfrentados por essa população vulnerável. Os casos, que incluem atropelamentos, violência com faca, morte natural e feminicídio, reacendem o debate sobre a assistência oferecida e a negligência do poder público.

Três das mortes foram causadas por atropelamentos, com dois incidentes ocorrendo em um intervalo de 48 horas no início de julho. Outros dois casos foram resultado de violência com faca. Uma pessoa morreu de causas naturais, relacionada ao uso abusivo de drogas. Giseli Cristina Oliskowiski, de 40 anos, vítima de feminicídio no Bairro Aero Rancho, também vivia nas ruas devido à dependência química. Há, ainda, um caso de morte em circunstâncias não esclarecidas em um posto de combustíveis na BR-262.

Essa situação ocorre em meio ao ultimato da Justiça à Prefeitura de Campo Grande para reformar ou transferir o Centro Pop, destinado ao atendimento da população de rua. O prazo final é 6 de setembro, sob pena de multa diária de R$ 10 mil, limitada a R$ 2 milhões.

Vistorias realizadas nas unidades de acolhimento revelaram problemas graves, como infiltrações, mofo, superlotação, banheiros sem portas, fiação exposta, falta de ventilação e ralos entupidos. As falhas são consideradas tão sérias que muitos preferem permanecer nas ruas, apesar dos perigos constantes.

As ações judiciais movidas contra o município buscam garantir o respeito aos direitos fundamentais da população de rua, frequentemente invisível à sociedade. As unidades de acolhimento, como o Centro POP e as UAIFAs I e II, apresentam problemas como infestação de pragas e falta de acessibilidade. Uma das ações pede indenização por danos morais coletivos.

A Secretaria Municipal de Assistência Social informou que realiza abordagens diárias a pessoas em situação de rua, com equipes atuando 24 horas por dia. O acolhimento é oferecido, mas não é obrigatório. A secretaria afirma que parte das pessoas abordadas possui residência, mas permanece nas ruas para complementar a renda. Quanto aos usuários de drogas, muitos recusam tratamento. A prefeitura declarou ter estruturado um plano de ação para readequar as unidades que necessitam de melhorias.

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