Independência em Xeque: Troca de Auditores Sem Motivo Alerta Investidores

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Investidores frequentemente se mostram insatisfeitos, lamentando oportunidades perdidas e minimizando os riscos evitados. Nesse cenário, auditorias independentes desempenham um papel crucial, sendo obrigatórias para empresas abertas, a fim de identificar erros, fraudes e inconsistências que possam prejudicar empresas e acionistas.

Entretanto, essas auditorias ganham destaque apenas quando falham, raramente quando evitam problemas. Casos como Americanas, Petrobras e Oi, cujas contas eram auditadas antes de escândalos financeiros virem à tona, ilustram essa questão. Até mesmo bancos envolvidos na crise de 2008 passavam por auditorias regulares.

É importante ressaltar que o cumprimento do dever das auditorias, embora não seja notícia, é essencial para o investidor. No primeiro semestre deste ano, houve um aumento significativo no número de empresas que trocaram de auditoria sem justificativas claras.

Dados da MZ Group revelam que, das 94 empresas que mudaram de auditoria no primeiro semestre de 2025, oito não apresentaram motivos, em comparação com apenas duas em 2024. As que alegaram “razões comerciais/estratégicas” triplicaram, passando de cinco para 15.

Apesar de parecer um número pequeno, representa quase um quarto das empresas que trocaram de auditoria neste semestre sem fornecer razões técnicas. Em um mercado com menos de 400 empresas ativas na Bolsa, essa situação turva a percepção dos investidores.

A independência dos auditores é fundamental para garantir a transparência no mercado brasileiro. Quando esse pilar é abalado sem explicações, um sinal de alerta é emitido.

O mercado de auditorias é caracterizado por um certo oligopólio, com as “big four” (PwC, KPMG, Deloitte e EY) responsáveis por auditar cerca de 70% das empresas. Essa concentração já representa uma fragilidade estrutural.

O aumento nas trocas de auditores sem motivos claros, ou motivadas por custos mais baixos, agrava essa fragilidade, indicando possíveis problemas. Negociar preços é natural, mas se isso comprometer investigações e análises aprofundadas, uma situação preocupante pode se desenvolver, ameaçando a independência dos auditores independentes.

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