Em um mundo onde a felicidade e o sucesso são constantemente exibidos, muitas mulheres se sentem pressionadas a manter uma fachada de bem-estar, mesmo quando estão exaustas por dentro. A rotina intensa, a idealização da produtividade nas redes sociais e a busca incessante por padrões estéticos irreais contribuem para um adoecimento silencioso, marcado pela sensação de inadequação.
Essa realidade é observada de perto por profissionais da saúde mental, que notam um aumento no número de mulheres que chegam ao limite, não apenas por relacionamentos problemáticos, mas também pelo acúmulo de pequenas pressões diárias.
Dados apontam que a maioria das pacientes são mulheres entre 30 e 45 anos, muitas vezes atuantes em áreas como saúde ou empreendedorismo, que se sobrecarregam com múltiplas responsabilidades e negligenciam o autocuidado. A busca por ajuda não se restringe a transtornos específicos, mas sim ao esgotamento decorrente da pressão para serem perfeitas em todos os aspectos da vida.
Estatísticas revelam que, a cada dez brasileiros diagnosticados com depressão ou ansiedade, sete são mulheres. Especialistas alertam para um padrão conhecido como “ciclo do caos feminino”, onde a mulher é cobrada para estar sempre impecável, produtiva, atenta aos filhos, com a casa organizada e sorrindo. Essa expectativa irreal leva à culpa e à sensação de fracasso quando não é possível manter essa imagem.
É fundamental reconhecer e acolher as emoções, em vez de reprimi-las como se fossem sinais de fraqueza. Ignorar ou fugir dos sentimentos pode levar a comportamentos prejudiciais, como o consumo de álcool, compulsões e comparações destrutivas.
A terapia pode ser uma ferramenta valiosa para identificar os pensamentos que alimentam a ansiedade e a culpa, compreendendo como cada pensamento influencia as emoções e os comportamentos. A comparação excessiva nas redes sociais é um gatilho comum, levando as pessoas a questionarem por que não conseguem acompanhar a vida editada dos outros.
O sucesso da terapia depende do desejo genuíno do paciente em se conhecer e transformar. A busca por ajuda deve partir de uma vontade interna, e o processo exige tempo e dedicação. Não existem soluções rápidas para problemas que se desenvolveram ao longo de anos. É preciso olhar para a raiz dos problemas, questionando o que pode ser feito para transformar a situação, em vez de culpar o passado. Encarar as vulnerabilidades pode ser difícil, mas é o primeiro passo para retomar o controle da própria vida.