Em Massachusetts, imigrantes brasileiros que atuam na construção civil, um setor que emprega milhares na região, adotam estratégias para evitar a identificação e prisão pelo Serviço de Imigração e Alfândega (ICE). O medo de serem alvos fáceis tem levado a mudanças drásticas em suas rotinas e nos negócios.
Relatos indicam que empreendedores têm removido nomes e palavras em português das vans de serviço, substituindo-os por termos que soem menos latinos, ou até mesmo optando por não usar identificação alguma, o que impacta a divulgação dos serviços.
Imigrantes evitam usar vans com identificação brasileira e tentam se disfarçar. Um trabalhador relatou que acompanha grupos de WhatsApp para monitorar possíveis operações do ICE e espia a rua antes de sair de casa. As ações do ICE têm ocorrido em cidades com grande concentração de brasileiros, como Milford e Everett, causando pânico na comunidade.
Dados da pesquisa demográfica American Community Survey (ACS) mostram que 25,2% dos brasileiros empregados em Massachusetts trabalham na construção civil, uma proporção significativamente maior do que a média nos Estados Unidos. Estima-se que cerca de 420 mil brasileiros residam na jurisdição do Consulado de Boston.
A ofensiva do governo tem impactado negativamente os negócios da comunidade brasileira. Comércios e restaurantes típicos têm sentido uma queda no movimento, e muitos funcionários estão adotando medidas como chegar ao trabalho antes do amanhecer para evitar possíveis batidas do ICE. Há um aumento na procura por certidões de nascimento e passaportes atualizados, refletindo o receio de separação familiar.
Em outras regiões, como na Flórida, a fiscalização também se intensificou. Donos de empresas de reforma de casas relatam que agentes de trânsito estão abordando vans conduzidas por imigrantes, levando-os a contratar motoristas com situação migratória regular. A situação é ainda mais crítica em áreas com menor presença da comunidade latina.