Trump e a “Teoria do Louco”: Imprevisibilidade como Estratégia Global

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A imprevisibilidade tornou-se a marca registrada da política externa e de segurança de um líder, alterando a dinâmica global. Mudanças de ideia, contradições e inconsistências definem sua abordagem, centralizando as decisões políticas em seu caráter e preferências.

Essa estratégia, conhecida como “Teoria do Louco” entre cientistas políticos, busca persuadir adversários de que o líder é capaz de qualquer coisa para obter concessões. O objetivo é usar a imprevisibilidade como ferramenta de coerção, influenciando aliados.

No início de seu mandato, o líder em questão adotou uma postura de ataques a aliados e elogios a adversários, questionando compromissos de defesa mútua e gerando desconfiança. Mensagens vazadas revelaram desprezo por aliados europeus, enquanto declarações públicas indicavam uma mudança na garantia de segurança europeia.

No entanto, a abordagem parece ter rendido frutos. Países aumentaram seus gastos com defesa, demonstrando um esforço para se alinhar às expectativas do líder. Alguns líderes europeus adotaram uma postura obsequiosa, buscando manter o apoio americano.

A “Teoria do Louco” não é inédita. No passado, líderes tentaram usar a imprevisibilidade para forçar acordos. Contudo, a dependência dessa estratégia em traços de caráter conhecidos pode limitar sua eficácia.

Adversários parecem demonstrar diferentes reações à estratégia. Enquanto alguns cederam a pressões, outros resistem a encantos e ameaças. Ações militares imprevisíveis podem ter o efeito oposto ao desejado, incentivando a busca por armamento nuclear.

A imprevisibilidade também pode minar a confiança nas negociações e a percepção dos EUA como mediador confiável. A Europa considera a necessidade de se tornar mais independente em termos de defesa, investindo em indústrias próprias.

Embora a imprevisibilidade tenha impulsionado mudanças na política externa, resta saber se essas transformações serão sustentáveis. A divergência entre os imperativos de defesa e segurança dos EUA e da Europa levanta questões sobre a continuidade do compromisso americano com a defesa de seus aliados. A estratégia, fruto de escolhas conscientes e características pessoais, parece ter produzido resultados, mas a longo prazo pode gerar incertezas.

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