Câmeras-armadilha registraram um momento raro e encantador no Pantanal do Rio Negro: uma família de ariranhas transportando seus filhotes para uma nova toca. A cena, capturada pelo Projeto Ariranhas, coincide com o período de reprodução da espécie, que se estende até setembro, e com a alta temporada turística na região.
Em um alerta aos visitantes, o Projeto Ariranhas enfatiza a importância de redobrar a atenção ao avistar esses animais. Recomenda-se evitar a aproximação com embarcações em alta velocidade, manter uma distância segura e, principalmente, não alimentar as ariranhas. O objetivo é garantir a tranquilidade e a proteção da espécie durante esse período sensível.
As ariranhas são animais diurnos e sociais, vivendo em grupos de até 20 indivíduos, geralmente liderados por um casal reprodutor e seus filhotes. Elas preferem rios e lagos com correnteza branda, onde constroem suas tocas, chamadas “locas”, em meio a raízes ou árvores caídas nas margens. As “locas” servem como refúgio noturno.
Conhecida como a “onça dos rios”, a ariranha é um predador voraz, consumindo cerca de 3 kg de alimento por dia, principalmente peixes, mas também caranguejos, sapos, cobras e até pequenos jacarés.
A ariranha é encontrada exclusivamente na América do Sul, habitando biomas brasileiros como Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e, em maior concentração, o Pantanal. Este gigante dos ecossistemas aquáticos pode atingir quase dois metros de comprimento e pesar até 35 quilos. Sua habilidade em nadar e mergulhar a torna um animal semiaquático adaptado tanto a ambientes terrestres quanto aquáticos.
A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) classifica a ariranha como “em perigo” de extinção, enquanto o ICMBio a considera “vulnerável”. A destruição de seus habitats, a contaminação da água por agrotóxicos e metais pesados, provenientes principalmente do garimpo ilegal, e o conflito com pescadores representam sérias ameaças à sua sobrevivência. Historicamente, a espécie também foi alvo da caça para o comércio de peles.